Na tarde de quinta-feira (29), lésbicas, gays, bissexuais, transexuais femininas, transexuais masculinos e travestis atendidos/as pelo Centro de Referencia Especializado da Diversidade estiveram no Museu Nacional de Brasília para assistir a um vídeo que conta com depoimentos dos fotografados por Diana Blok no projeto “Eu te desafio a me amar”. Após a exibição, equipe do INESC – Instituto de Estudos Socioeconômicos, organizadora do projeto, promoveu roda de conversa com o tema: “Transfobia na escola”.
“O projeto 'Eu te desafio a me amar' traz questões diferentes para a população LGBT, numa perspectiva de direitos, de dignidade e de beleza. Nesse contexto, abrimos o diálogo com profissionais da educação para refletirmos como pode ser acolhida na escola a criança ou o adolescente que não se encaixa no padrão de gênero, e qual é o papel da escola diante dessas vivências. A nossa expectativa é que esses profissionais levem a reflexão para suas práticas pedagógicas”, relatou Márcia Acioli, assessora política do Inesc.
Os atendidos e as atendidas pelo Centro da Diversidade, personagens do ensaio fotográfico e do vídeo, também participaram do bate-papo. “A baixa escolaridade é algo presente no público atendido pelo Centro. A evasão de transexuais e travestis acontece quando não há inclusão na escola por não terem a identidade de gênero e a orientação afetiva-sexual respeitadas. Entendendo que a política deve ser transversal, a coordenação do projeto nos convidou para participar do debate, pois recebemos demandas de todas as políticas públicas. As Secretarias de Saúde e de Educação encaminham casos para a Sedest, que é referência no atendimento ao público LGBT com o Centro da Diversidade”, explicou Carolina Silvério, Coordenadora do Centro e registrada no projeto ao lado de sua mãe.
O bate-papo contou com a presença da professora Flávia Teixeira, da Universidade Federal de Uberlândia. A acadêmica é estudiosa do tema transexualidade e participa de pesquisa sobre violência e preconceito nas escolas. “A reivindicação do direito na escola é fundamental para assegurar que transexuais e travestis tenham acesso à educação. Essa discussão versa a adequação das escolas, problematizando a relação da educação formal e a transexualidade”, salientou Fávia.
O adolescente transgênero Alexandre, 16 anos, morador de Brasília, também participou da mesa. Alexandre estuda em um colégio particular do DF e luta para ter os direitos assegurados na escola, como o respeito a ser chamado pelo seu nome social em sala de aula. “A transgeneridade e a transexualidade existem há muito tempo na civilização, mas desde sempre essas pessoas foram silenciadas por não serem ecaixadas em um 'modelo'. Precisamos romper com o silêncio que mata todos os dias pessoas que são diferentes do que a normativa da sociedade impõe. Nossa luta não é para um público 'anormal' que quer privilégios, mas por toda sociedade, acabando com toda e qualquer opressão de pessoas historicamente excluídas”, ressaltou.
O “Eu te desafio a me amar” é desenvolvido pelo Inesc, e conta com o apoio da Embaixada da Holanda, da ONU Mulheres Brasil, da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e da Secretaria de Cultura-DF/Museu Nacional da República, entre outros parceiros.