O Centro Pop de Taguatinga ganhou, nesta quinta-feira (23), uma biblioteca. Especializado no atendimento à população de rua no DF, o local carecia de um pouquinho de cultura. Agora, não mais. Construído pelas mãos de alguns frequentadores, o pequeno espaço debaixo de algumas árvores é o novo ponto de encontro de moradores de rua.
Gente como o ex-morador de rua, Edilson Aires, 25 anos. O rapaz, nascido em Aparecida de Goiânia (GO), deixou os familiares pra trás, perambulou pelas ruas do DF, viu o crime de perto mas achou o Centro Pop. Adotou a unidade da Sedestmidh como seu recanto, e há 2 anos é presença certa por lá. Bem vestido e alegre, ele ser orgulha de ter ajudado a levantar a biblioteca.
“Fui eu que pintei ela (a biblioteca) todinha. Agora, a turma pode vir, pegar um livro, descansar. Tô feliz demais, tenho muito amor pelo Centro Pop. Foram eles que me tiraram da vida sofrida das ruas”, explica o rapaz. Hoje ele reside no Setor “O”, em Ceilândia, mas sem emprego, está sempre ajudando nas tarefas diárias da unidade.
Além dele, o colega Luiz Carlos foi o pedreiro da obra e Joabe Antunes, o grafiteiro, responsável pelo retoque final. Os livros foram doados pela comunidade e já estão prontos para serem emprestados aos atendidos pela unidade. Hoje, na inauguração da biblioteca, teve contação de histórias, música e poesia, com a participação de servidores e de uma artista local.
A ideia partiu da educadora social Danúbia Ramos. Leitora dedicada desde a infância, ela ouvia dos frequentadores do Pop sempre um pedido por um jornal, um livro ou uma revista. O projeto, logo, saiu do papel. “A iniciativa nasceu pelo interesse deles. Cerca de 80% estudaram até o ensino fundamental e gostam de ler. Então, porque não investirmos num espaço como esse?”, orgulha-se.
O Centro Pop de Taguatinga recebe cerca de 150 pessoas por dia. Lá eles, eles podem guardar seus pertences, tomar banho, lanchar, além de serem informados sobre seus direitos e o acesso a benefícios socioassistenciais.
Por: Rafael Secunho