Na sexta-feira (15), o Centro de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, Cose da Estrutural deu uma aula de cidadania para as crianças que frequentam o espaço. A festa encerrou uma série de atividades elaboradas e apresentadas ao longo da primeira quinzena de março. O cronograma abordou questões como a valorização da cultura negra, o respeito às diferenças, o combate a toda forma de discriminação e as relações homoafetivas.
Em grupos, as crianças produziram as roupas e painéis com estampas étnicas que remetiam símbolos africanos. Além disso, produziram colares e utensílios para se enfeitarem e festejarem a semana de trocas e aprendizagens. Abraão Barros, 11 anos, falou da alegria de participar de mais uma festa na Unidade. “As atividades do Cose são legais porque a gente aprende e se diverte. Eu gosto de fazer as roupas e ajudar a montar a decoração”, disse.
Dentre as atividades, roda de bate-papo com a assistente social, Lusa Portuguez, a cantora Michelle Lara e a estudante de serviço social, Árina Cynthia. “Viemos em dois dias, nos períodos da manhã e da tarde para conversar com as crianças. Trabalhamos questões de identidade racial e profissões, questionamos o que eram brincadeiras para meninas e para os meninos, homossexualidade e diversidade sexual por meio de gravuras e diálogo. Deixamos que elas conversassem entre si e depois perguntamos se queriam falar sobre o assunto conosco ou escrever suas opiniões. A maioria escolheu o relato no papel. Para nós, o importante foi construir um espaço de diálogo e respeito”, relatou Árina.
O coordenador do Cose Estrutural, Remom Bortolozzi, comentou a proposta de programação pedagógica preparada para o mês de março. “Tentamos trabalhar com as crianças três datas importantes: o Dia Internacional da Mulher, buscando incentivar a valorização das meninas; o Dia Internacional contra a Discriminação Racial, abordando questões como o pertencimento racial e racismo. 99% das crianças do Cose são negras e muitas não se reconhecem como tal, se retratam de outras maneiras em desenhos e pinturas e sentem vergonha do cabelo. Nosso objetivo foi incentivar à valorização por meio de referências positivas, mostrando que todas têm sua beleza, e não devem seguir um padrão imposto pela mídia, por exemplo,”explicou.
Dentre as ações, ainda foram convidados grupos temáticos para conversar com as crianças. Mulheres feministas fizeram uma roda de escuta somente com as meninas. Já o grupo de hip hop masculino da Vila Planalto fez oficina de dança debateu o tema“machismo”, em oficina de leitura e identificação de palavras e frases que ofendem as mulheres, e uma por fim uma reflexão sobre a ação.